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História de Penápolis

A origem da cidade de Penápolis

A ORIGEM DA CIDADE DE PENÁPOLIS
Glaucia M de Castilho Muçouçah Brandão

A pedido do rábula Manoel Bento da Cruz, Eduardo de Castilho e sua esposa Ana Melvira de Castilho doaram cem alqueires de terras de sua fazenda Boa Vista do Lageado (localizadas nas proximidades do córrego Maria Chica) para que, em 50 alqueires fosse erguida uma cidade e fundada uma escola de primeiras letras.

No dia 7 de dezembro de 1906 foi lavrada, no Cartório da Comarca de São José do Rio Preto, a escritura de doação à Ordem dos Capuchinhos de São Francisco, de São Paulo, que foram convidados por Bento da Cruz para iniciarem a evangelização e alfabetização dos primeiros habitantes do novo povoado. Uma nova escritura datada de 2 de dezembro de 1907 confirmou a doação celebrada em 1906.

A 25 de Outubro de 1908, Frei Bernardino de Lavalle (que visitava e rezava missa no Patrimônio dos Passos desde o início do século), ergueu e benzeu em grande solenidade um Cruzeiro, símbolo de paz e progresso, e rezou uma missa, dando o nome de Santa Cruz do Avanhandava (nome da Fazenda do Cruz) à cidade que se iniciava. No mesmo dia Frei Boaventura De Aldeno, Frei Sigismundo de Canazei e Frei José de Cassana instalaram-se provisoriamente na pequena e abafada casa de tábuas (primeira casa da nova cidade), que além de residência, era ainda igreja e escola.

Um ano depois, com a morte do Presidente da República, Bento da Cruz mudou o nome da Estação (já que as cidades surgiam ao redor das estações da estrada de ferro NOB) para Penápolis, em homenagem a esse grande incentivador da cultura cafeeira na região.

Em 17 de novembro de 1909, pelo decreto 1777, foi criado o Distrito de Paz de Penápolis, pertencendo ao Município e Comarca de São José do Rio Preto.

Em 16 de dezembro de 1910 foi criada a Comarca de Bauru, a ela anexando os Distritos de Paz de Miguel Calmon (Avanhandava) e Penápolis que se desmembraram de S. J. do Rio Preto, e anexando ao Distrito de Penápolis toda a parte do Distrito de Itapura (Patrimônio do Carmo do Avanhandava), à margem esquerda do Tietê.

Em 22 de dezembro de 1913, pelo decreto número 1397, Penápolis é elevada a categoria de Município, e sua instalação se deu a 11 de maio de 1914, pelo então prefeito de Bauru, Manoel Bento da Cruz.

A criação da Comarca de Penápolis se deu pelo decreto número 1557, de 10 de outubro de 1917, e sua instalação ocorreu a 27 de junho de 1918. Inicialmente pertenciam a ela, os municípios: Araçatuba, Birigui, Glicério, Braúna, Alto Alegre, Avanhandava, Luiziânia e Barbosa. Atualmente apenas Araçatuba e Birigui se desmembraram da comarca de Penápolis.

A cidade idealizada por Bento da Cruz, no ano de 1910 contava com 50 habitantes enquanto no Patrimônio dos Passos e arredores residiam em torno de 2500 pessoas. Suas ruas foram traçadas em octogonais, os quarteirões divididos em datas de 22 x 44 metros e iniciadas as vendas dos lotes urbanos. O Cruz recomendava aos compradores que construíssem suas casas de tijolos e cobertas com telhas pois já existia a sua olaria. Três ruas atraíam os compradores: uma abaixo da ferrovia e as outras duas para cima

Surgiram as indústrias: A Olaria do Cruz; O Engenho de cana de açúcar de Elesbão José de Souza (onde atualmente é a Campezina); em 1914 a Destilaria de pinga com roda d'água de João de Souza Barbeiro; Manoel Rozetti com máquina de beneficiar arroz e uma pequena serraria; Orôncio Vaz de Arruda montou máquinas de benefícios; Esperidião Makrakis tinha moinho de fubá e farinha; alfaiataria de Luis Minucci; Padaria de Alberto Domingues da Silva; Ourivesaria de Guilherme Mosca e esposa D. Emília; sapataria e selaria de Gaspar Rocco; ferrarias de João Ferreiro; Casa Luzitana de Domingues & Cardoso; Casa Rolin de Pedro de oliveira Rolin; Tipografia Pennapolense de Mello & Cia; Pharmacia Pennapolis de Euclides de Oliveira Lima; Gabinete Dentário de Domingos Vieira da Silva; Hotel do Comercio de Germano Sanches; Médico Operador e Parteiro: Dr. Aniceto Correia; Hotel São Francisco de Eliseu Bertolli; salão de Bilhar de Silvano Faria; Torrefação Grecca de E. Makrakis; Hotel Jacoletti de Antonio Jacoletti; Cartório de primeiro e segundo ofício, de José Candido de Andrade e Jesuíno V. Camargo; Curtume Canta Galo de Castilhione e Giácomo Paro; Relojoaria Curi; Casa Faki; Cervejaria Avenir de Pepino Melchiori; Casa da Lavoura de Mario de Souza Campos; Companhia de Terras, Madeira e Colonização de São Paulo.

Residiam na Avenida Avanhandava (hoje Adolpho Hecht), entre outros: Batista Gargione, Osório Mathias, Bento da Cruz (com um pequeno zoológico), Antonio Jacoletti e Manoel Ventura, Gilberto Cervelli, Xisto de Creci, Adolpho Hecht (recém chegado do Patrimônio dos Passos), Pedro Anis, Abraão Fachi e José Issa (comerciantes), Miguel Bezerra dos Reis (primeiro agente do correio), Dib Jorge e Jorge Salomão, Amadeu Soliani, Joaquim Soares de Oliveira (com açougue) José e Luiz Ciocchi (carpinteiros e Bernardo Ciocchi (farmacêutico prático), Mariano Melles9comerciante), Alcides de Carvalho (comerciante), Antonio Romão (sub delegado) e Elesbão José de Souza (suplente de delegado), Caetano Baraldi que fornecia verduras e pães à população depois foi proprietário do Cine Avenida.

Na Avenida da Estação (hoje Rui Barbosa): Raphael Cesário (comerciante de madeiras - fornecia lenhas e dormentes para a Estrada de ferro; mais tarde foi eleito vereador, vice-prefeito, prefeito e presidente da Câmara, primeiro Juiz de Paz e fundador da Loja maçônica) Antonio Cantareira (com hotel e botequim), Miguel Scotilha (comerciante); o prédio da primeira Câmara Municipal em frente a loja do Sol de Francisco Franco, Francisco Rillo, Geraldo Ruiz Rodrigues; Orlando dos Santos (hotel Brasil), Manoel Teixeira (com Hotel), Mestre Gaspari (com sapataria)

A primeira casa da cidade, feita de tábuas e que servia de residência aos padres franciscanos e como capela e escola ficou "muito longe do centro", fora do traçado da cidade feita pelos agrimensores Christiano Olsen e Adolpho Hecht

Em 1918 chegam a Penápolis o juiz Dr. Cândido da Cunha Cintra, o Promotor Dr. Antonio Pereira Lima e os advogados Antonio Define e Raul Alves de Godói.

No ano de 1928, o número de habitantes subiu para 4500, porém, ainda continuou insignificante comparado aos 13500 habitantes localizados nos campos e que transformavam a cidade em subsidiária, em função das fazendas e dos Patrimônios iniciais, como o de Nosso Senhor dos Passos que já se desenvolvia e em breve se tornaria a primeira cidade a ser fundada na região Noroeste de São Paulo entre Bauru e Rio Preto. Porém, o sonho do político Bento da Cruz em fundar uma cidade, principalmente porque ela valorizaria os seus 30.000 alqueires de terras, fez com que desviasse o traçado original da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil que passava pelo Patrimônio dos Passos onde residia, e mudou a "chave" (ao redor das quais surgiam as cidades) ou a estação da NOB, dali, para o local onde pretendia fundar a nova cidade que se chamaria Penápolis e para onde, aos poucos, foram se transferindo os vizinhos moradores, sendo que já no ano de 1950 Penápolis tinha 34386 habitantes, sendo 24.597 na cidade e 9.789 no campo.

Muitas escolas foram fundadas como: Colégio São Francisco: 1910; Primeira Escola Urbana (1912), que agrupada às outras existentes deram origem às Escolas Reunidas (1919); Primeiro Grupo (ou antiga Escolas Reunidas) - 1920; Escola Normal do Colégio São Francisco de Assis: 1926; Colégio Santa Clara: 1925; Ginásio do Estado: 1936; Segundo Grupo: 1945; e outras (Escola Est. Adelino Peters (primeiro e segundo graus)- 1951; Associação Vila da Infância: 1953; Oceu: 1957; Escola Est. Marcos Trench: 1958; Escola de primeiro e segundo Graus Yone Dias de Aguiar: 1965; Escola de Primeiro Grau Casa da Amizade: 1965; Escola Agrícola: 1970; Faculdade de filosofia Ciências e Letras de Penápolis: 1966/67; Fundada a Associação Amigos dos Excepcionais: 1970); foi fundada a Santa Casa de Misericórdia (1919); instalaram-se serviços de eletricidade pública e particular hidro-elétrico (1920 - Companhia Força e luz do Avanhandava e posteriormente pela Cesp (1921); serviços telefônicos (desde 1916); Surgiram os Jornais: O Sentinela, O Jasmim, A Justiça: 1924; A Comarca de Penápolis; o Fórum: 1944/48; a Usina de Álcool e de Açúcar (Usina Campestre): 1948; foi fundado o Hospital Espírita: 1959, enfim, era iniciado o desenvolvimento da cidade que, economicamente, durante todos esses anos, caminhou a passos lentos comparados às cidades da região fundadas depois de Penápolis, embora Penápolis seja referência em saneamento básico e cultura.

Desde a sua fundação, o município de Penápolis desenvolve vasto potencial cultural que justifica o seu referencial de Cidade Pólo Cultural da Região Noroeste de São Paulo, atestados por:

· Museu do Sol: Museu de Arte Naif: Arte Primitiva e Ingênua, um dos únicos do gênero na América Latina. O seu acervo conta com aproximadamente 400 obras de 100 artistas plásticos nacionais e estrangeiros, já tendo sido exposto em inúmeros estados brasileiros e em países como Estados Unidos, Europa, Israel e Japão.

· Museu de Arte Contemporânea: Também no âmbito da Funarpe, possui um acervo de aproximadamente 150 obras dos mais renomados artistas plásticos brasileiros. Poucos museus fora das capitais possuem tão importante conjunto de obras.

· Museu de São Francisco: O tema e motivo único é a vida e obra de São Francisco de Assis, uma homenagem de seus idealizadores (quando da realização do IV Salão de Artes Plásticas da Noroeste) ao Padroeiro da cidade de Penápolis. São 129 obras: pinturas, esculturas, desenho e gravuras de importantes artistas brasileiros.

· Museu Municipal do Folclore: O acervo, composto por mais de 12 mil peças, expressa a Cultura Espontânea do povo brasileiro e especialmente da região, mantém intensa programação cultural durante o ano, além de abrir-se para pesquisadores, estudiosos e turistas.

· Museu Histórico e Pedagógico "Fernão Dias Paes": Criado no ano de 1958, possui um acervo com aproximadamente 12 mil peças como, fotos, documentos e objetos que testemunham a história da Cidade e Região, preservando assim toda a sua identidade histórico-cultural. Hoje, O Complexo Cultural instalado no antigo prédio da Prefeitura Municipal abriga os Museus do Folclore e o Museu Histórico e Pedagógico, além do Depto Municipal de Cultura.

· Centro Cultural "Primeira Casa de Penápolis": Restaurada com a preocupação de conservar suas características originais, tornou-se um espaço para eventos, palestras, exposições e oficinas culturais.

· Teatro Municipal "Maria Tereza Alves Viana": A Arte Teatral, presente na história cultural da cidade desde a década de 20, obteve muitos prêmios e é uma entidade de liderança cultural, desde 1964, com Maria Tereza A. Viana.

· Patrimônio Histórico de Nosso Senhor dos Passos: Marco inicial da Cidade de Penápolis e da Colonização da região Noroeste de São Paulo, já que, no ano de 1842 quando ali estabeleceram-se os desbravadores da região, esta, ainda figurava nos mapas brasileiros como "Sertão Desconhecido"e, a partir desse Patrimônio toda a região experimentou grande desenvolvimento e progresso e a fundação de importantes cidades paulistas. Hoje, como testemunho da história, restam apenas o Cemitério Histórico, de 1886, onde estão sepultados os corpos de onze desbravadores, em vala comum, onde foi erguido um Cruzeiro.

· Aldeia Indígena Icatu: Aldeamento criado no período da Colonização da região com o objetivo de estabelecer (e principalmente delimitar) o território dos índios Caingangues, primitivos donos destas terras.

· Outros espaços educacionais e culturais: Biblioteca Municipal "Sud Menucci", Ballet Municipal, Conservatórios Musicais, Banda Municipal, Instituto de Música e Artes de Penápolis.

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