IMIGRAÇÃO
ITALIANA
Imigrantes italianos
– 1944 - Família Buranello, aniversário
de 60 anos de Antonio Buranello. Em
pé: 1-Henrique Ambrósio, 2-Emernegildo
ambrósio, 3-Luis Ambrosio, 4-Leonardo
Ambrósio, 5-Oscar Franzoi, 6-Antenor
Buranello, 7-Nestor Buranello, 8-Ernesto
Buranello, 9-Ruds Buranello, 10-Claudio
Buranello, 11-Guido Buranello, 12-Pedro
Mian, 13-Pompeu Ambrósio, 14-Luis Franzoi,
15-Zulmira Franzoi, 16-Alfredo Buranello,
17-Gracinda, 18-Raymundo Buranello,
19-Atílio Buranello, 20-João Buranello,
21-Irene Buranello, 22-Isabel, 23- Lairce,
24-Antonio Buranello Filho. Sentados:
25-Basílica Buranello Mian, 26-Claudeth,
27-Laura, 28- Maria, 29-Adelina Buranello
Ambrósio, 30-Olga, 31-Antonia, 32-Maria
Buranello Franzoi, 33-Alzira, 34-Laudizio
Brinholli, 35-Antonio Buranello, 36-Dirce
Brinholli, 37-Elisa Preto Buranello,
38-Nair Torquete Buranello, 39-Maria
Torquete Buranello, 40-Djalma Buranello,
41-Irma Esperandio Buranello, 42-Gerson
Buranello, 43-Julia Buranello, 44-Inês
Buranello, 45-Guiomar Buranello, 46-Lahir,
47-Catharina Paula Buranello, 48-Laura
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Acordo
entre os governos ITALIANO
e brasileiro. Enquanto o primeiro selecionava
a mão de obra, o outro custeava as despesas
de viagem e distribuía as famílias em novos
empregos.
1880:
às vésperas da Lei Áurea, o preço dos escravos
era elevadíssimo. Ficou mais barato importar
mão de obra da Europa. Ocorrem, então, as
grandes correntes migratórias para o Brasil.
Até 1910, os italianos tinham liderança
no processo migratório. A maioria desembarcava
em Santos e se alojava na Hospedaria dos
Imigrantes. Entre 1891 e 1900, entraram
no país 1.129.000 trabalhadores europeus,
dos quais 690.375 eram italianos.
As famílias, que vinham para o Brasil, quase
sempre pertenciam às camadas mais pobres
da população européia. Eram camponeses,
artesãos, operários, pequenos comerciantes,
apenas um ou outro homem de negócios.
Inicialmente, as famílias eram encaminhadas
para as fazendas de café. Porém, a relação
com os patrões era permeada pela violência
da tradição escravocrata e fazia com que
muitos imigrantes, frustrados, voltassem
aos seus países de origem depois de alguns
anos e outros tentassem a sorte nas cidades.
Esses
se tornavam operários de indústria ou empregados
do comércio.
“Os que ficaram nas fazendas se viram totalmente
isolados, por duas razões: as enormes distâncias
que separavam umas das outras e a particular
conformação das mesmas - campo fechado -
no qual dificilmente encontrava eco qualquer
manifestação.” Por isso, qualquer iniciativa
de organizar movimentos de trabalhadores
na área rural era inviável, as manifestações
eram isoladas e não tinham continuidade.
Por volta de 1910, os grandes fazendeiros
já tinham consciência do significado da
mão de obra estrangeira. Com o trabalho
livre, a produção do café cresceu assombrosamente.
Eram necessários 300.000 trabalhadores para
cuidar do café e havia 750.000 pessoas.
O excesso de mão de obra prejudicou ainda
mais os imigrantes. Criou-se, então, uma
nova política de colonização por pequenas
propriedades, como no sul do país, porém
em menor proporção. Criaram-se as colônias
agrícolas, que mais tarde deram origem às
vilas e cidades. Se a intenção era formar
o operariado rural, o que realmente aconteceu
foi a formação de pequenos proprietários.
O noroeste do estado, zona próspera no começo
do século e a fertilidade das suas terras
para a produção do café ( maior produto
da balança financeira da época) gerava emprego
aos imigrantes, entre eles os italianos.
Esses não eram os maiores apreciadores das
zonas novas. Mais afinados com os grandes
centros urbanos e industriais, ou com as
velhas zonas dos latifúndios cafeeiros,
se avolumavam em São Paulo, Ribeirão Preto,
São Carlos, Mogiana e Paulista. Poucos vieram
para esses lados.
Com a instalação da estrada de ferro, o
movimento migratório se volta para essa
região. Manoel Bento da Cruz, possuidor
de grande extensão de terras, atrai trabalhadores,
pagando-os com terras, com o intuito de
fixá-los por aqui. Instalada a nova estação,
desembarcam dos trens muitas famílias, a
fim de tornar-se proprietários, ainda que
pequenos.
Desses imigrantes, que para cá vieram, uns
foram para a zona rural e, depois da queda
do café, se dedicaram à policultura e à
pecuária. Os que ficaram na cidade, se dedicaram
ao comércio - bares, pensões, empórios,
açougues - e pequenas indústrias - bebidas,
móveis, calçados, curtumes. Algumas se modernizaram,
outras desapareceram. Umas pertencem a outros
grupos e outras já nem existem mais. Ao
contrário das fazendas, que na grande maioria,
continuam nas mãos das mesmas famílias que
as abriram.
Sede da fazenda de Antonio Veronese
– 1ª metade do século XX .
“...e
hoje está só, sob a intempérie do
tempo e da pátina. Só, mas sempre
altivo e personalizado”
Maria
Cândida Virgílio Galli
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“Meu
pai queria se livrar de mandar meus irmãos
para guerra...ele amava mais os filhos do
que a Pátria. Pois todos os filhos estavam
moços, no ponto de ir para a guerra.”
Fani
Gallinari Tondato Gallinari
“Quando
vieram para Penápolis, em 1916, o avô do
meu marido Orestes comprou uma fazenda no
bairro do Paraguai...ele era muito alegre
e apaixonado por reuniões festivas... ele
vivia naquele casarão com todos os netos,
genros e noras e todos os sábados ele fazia
questão de fazer bailes. Os que não dançavam,
jogavam baralho...com a morte do avô, a
avó Ângela passou a ser a matriarca da família.
Faleceu em 1940 e depois, os filhos dela
compraram um sítio no Saltinho do Coroado.
Os meus tios ficaram no Paraguai. Mais tarde
a família se espalhou por vários lugares.
Muitos foram para o Paraná, outros para
S. Paulo e outros se encontram aqui.” Clotilde
I.T. Pásseri “Chegaram ao Brasil em 1900,
desembarcaram em Santos... de Jaú, eles
vieram de trem até Avanhandava, porque o
trem não chegava aqui em Penápolis... trabalharam
numa olaria do Elesbom até poderem comprar,
foram para a fazenda, abriram, plantaram
café, montaram uma olaria, fabricaram tijolos
para construir as casas dos colonos, depois
puseram uma serraria muito grande, puseram
transformadores e iluminaram toda a fazenda...tinha
a casa muito grande, muito boa, morava com
toda a família. Vovô voltou para a Itália
para vender o resto das propriedades que
tinham deixado, mas ficou doente e morreu
por lá.”
Olga
Rillo
“Meus
familiares permaneceram por mais de 50 anos
em uma só fazenda. Viviam isolados da civilização
por completo. A relação entre patrões e
empregados era permeada pela violência da
tradição escravocrata... meu pai, Giácomo,
aprendeu a ler e a escrever com auxílio
de um colono na própria fazenda. Por volta
de 1915, fugiram e em 1917 chegaram, pela
estrada de ferro, a Penápolis e montaram
o Curtume Canta Galo.” José Paro “Vieram
da região de Treviso - cidade de Rieze -
em 1892. Eram em quatro irmãos, desembarcaram
em Santos, ficaram no alojamento dos imigrantes
em S. Paulo. De lá vão trabalhar em várias
fazendas na região de Capivari. Em 1904,
vão trabalhar para os irmãos Waldemarin
que os trazem para Penápolis. Martim tinha
um filho, Giovani, que ficou na Itália estudando
para padre, era o frei Domingos de Rieze
- era padre e engenheiro.” Severino Torrezan
“Em 1924, o papai comprou o primeiro Fordinho,
todo entusiasmado, esse Ford veio de trem
aqui para Penápolis. E todo entusiasmado
ele queria ir a Capivari de Fordinho e nós
levamos 4 dias de viagem. O primeiro dia
, nós fomos de Penápolis a Rio Preto - hoje
a gente vai em uma hora. O segundo dia foi
de Rio Preto a Taquaritinga - hoje se vai
em meia hora. O terceiro dia foi de Taquaritinga
a Leme e o quarto dia de Leme a Capivari
e hoje você vai direto a Capivari em menos
de quatro horas.”
Mário
Waldemarin
“Os
italianos eram sábios, sabiam tirar vantagens
das dificuldades. Da ausência de produtos,
uma substituição vantajosa”.
Prof.
Fausto Ribeiro de Barros
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