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Homossexualidade:
opção ou determinação
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Cedido
por:
Cláudio Meneghello Martins
Neste final de século a questão da homossexualidade
segue ainda polêmica e contraditória, apesar
das alterações do entendimento do fenômeno
a nível social, cultural e biológico.
Pelo que se percebe do processo histórico
o comportamento homossexual parece estar presente
em todas as comunidades da humanidade desde
os seus primórdios, com uma tendência de serem
um grupamento minoritário e muitas vezes discriminado
ou excluído do convívio social dos não "gay".
No mundo contemporâneo ainda persiste a mesma
tendência, tanto é que quando queremos difamar
ou menosprezarmos alguma pessoa inevitavelmente
surge pejorativamente a expressão: "...mas
ele é veado".
No "mundo Psi" tal inquietação também se desenvolveu
no transcorrer dos tempos, pois já houve momentos
em que tal comportamento sexual era uma categoria
diagnostica, portanto uma doença. Pioneiramente,
em 1973 a Associação Americana de Psiquiatria
eliminou de sua classificação diagnostica
a homossexualidade entre os Transtornos Sexuais.
Atualmente, o Código Internacional de Doenças
( CID 10) considera: "que a orientação sexual
por si só não pode ser vista como um transtorno".
Ou seja, esta representando as mudanças do
entendimento do mundo científico em relação
ao fenômeno comportamental, como sendo uma
alternativa de "estilo de vida" ocorrendo
com alguma regularidade como uma variante
da sexualidade humana e não um transtorno
patológico.
O termo homossexualidade busca definir um
grupo de pessoas que compartilham um tipo
de comportamento, orientação sexual e identidade
pessoal e/ou social. Como este termo classicamente
está vinculado há uma terminologia médica
de patologia, parece haver uma tendência em
que muitas pessoas preferem assumir a sua
identidade de orientação sexual utilizando-se
de termos como "lésbica" ou "gay"(apesar de
originar-se do inglês, tornou-se universal).
Os estudos que buscam estabelecer a prevalência
do comportamento homossexual esbarram em muitas
dificuldades, principalmente no fato que ainda
há uma repressão social na aceitação deste
funcionamento. Um estudo publicado no The
New York Times (15/05/1993), onde buscou-se
pesquisar uma estimativa do Comportamento
Sexual em cinco países (Canadá, Noruega, França,
Dinamarca, Inglaterra) apresentou dados que
indicaram que cerca de 1% a 6% da população
adulta tinham ou tiveram comportamento homossexual..
Importante, perceber-se que muitos jovens
adolescentes podem passar por um período de
transição e indefinição de sua orientação
sexual e terem experiências homossexuais.
Necessariamente isto não os colocará no grupo
que se manterá nesta orientação.
Apesar da continua busca dos determinantes
do comportamento homossexual este ainda segue
sendo enigmático. Muitas teorias são defendidas
abrangendo fatores psicológicos, biológicos
e padrões de comportamento sexual.
De acordo com a teoria psicodinâmica (desenvolvida
por Freud no início do século), algumas situações
que ocorrem nos primórdios da vida colaboram
para o comportamento homossexual masculino.
Entre as quais poderia destacar: uma forte
fixação na mãe; ausência da figura paterna;
inibição do desenvolvimento masculino pelo
os pais (por ex: alguns pais tratam filhos
homens como se fossem meninas, para satisfazerem
algum desejo frustado na expectativa do sexo
do filho).
Freud que foi o grande mentor da ampliação
do conhecimento dos mecanismos do inconsciente
e a sua influência em todo o processo evolutivo
psico-sexual do indivíduo, igualmente não
considerava o homossexualismo uma doença mental.
Numa de suas famosas cartas, escreve: " A
homossexualidade não apresenta vantagens,
mas não é nada para se envergonhar ou degradar-se,
não pode ser classificada como doença..."
Já em relação aos fatores biológicos as pesquisas
indicam uma série de padrões hormonais que
teriam um papel diferenciado entre a população
heterossexual e homossexual. O mesmo estaria
sendo identificado em padrões genéticos, o
que implicaria em predisposição genética,
entretanto tanto um como outro ainda não chegaram
a estudos conclusivos. Portanto é um campo
que o conhecimento humano tem muito que avançar.
Como inevitavelmente há uma população que
desenvolve comportamentos semelhantes de escolha
de orientação sexual, gradualmente começou
a ser inserida conquistas sociais e legais.
Desde a diminuição da estigmação desta população,
bem como o contínuo movimento de ampliação
dos direitos cíveis.
Mesmo assim há ainda um grande sofrimento
por parte de uma grande parcela da população
"gay" por muitas vezes sentir-se "diferente"
e Ter um enfrentamento contínuo com a sua
opção ou determinação bio-genética.
Dica: Acesse http://www.celpcyro.org.br
"Homossexualidade: opção ou determinação"
(Jan/2000)
Cláudio Meneghello Martins
Psiquiatra
este artigo foi extraído
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